A Manu é ótima! Parou há seis meses e é dela este relato para o Eu também parei:
Assim, como tu, esse é meu primeiro Dia Mundial sem Tabaco de verdade! Lembro que nos outros anos a data me incomodava porque era sempre um lembrete dos meus amigos "olha, hoje era um dia bom pra parar"...
Eu estou sem fumar desde dezembro do ano passado depois de dezessete anos como fumante. Comecei a fumar de bobeira e, depois, o embalo continuou na faculdade, ainda de bobeira. Afinal, que jornalista não gostava de fumar E tomar café?
Vou te contar que não foi fácil. Não tomei remédios nem usei adesivos, nas primeiras semanas achei que ia matar alguém e foi preciso terapia pra entender que era importante eu ser humilde diante do vício. Entender que era MUITO difícil parar de fumar, um super desafio pra mim, e que eu precisava substituir aquele ritual por outro. Escolhi correr. Deu certo durante o verão, mas daí machuquei o pé num show e ainda não retomei a rotina da corrida por medo de machucar mais ainda. A ideia é voltar pra natação, agora com mais fôlego.

Não sei se parei pra pensar na minha vida sem cigarro. Na verdade, não parei não, foi teu convite que me provocou isso e te digo: minha vida mudou 100% pra melhor. Pouquíssimos amigos ainda não fumantes e tive a sorte de pegar uma época em que alguns deles também estavam parando, e a galera aqui do trabalho também. Fumar virou uma coisa brega - acho que só era legal lá na época do Mad Men, mesmo, e hoje em dia é muito mais normal gente torcendo o nariz pra cigarro do que o contrário. Cuidei pra não virar uma daquelas ex-fumantes xiitas que reclamam ao menor sinal de fumaça por perto ou ficam militando pra todo mundo parar de fumar. Sempre odiei quando as pessoas em volta me enchiam o saco pra parar de fumar.
Acho que, como qualquer outra droga, a iniciativa de parar tem que ser de quem é viciado, por isso a militância pouco adianta. Pra mim foi bacana porque finalmente entendi o que sempre soube que seria um benefício de parar de fumar: a pele melhor, hálito gostoso, mais fôlego, disposição. Sentir isso no cotidiano, depois de tanto tempo como fumante, é muito bacana. Confesso que me deixa feliz não enfrentar nenhum tipo de hostilidade dos amigos e conhecidos, também. O único porém é que acabei engordando, mas. diante dos benefícios, não me importei muito com isso.
Manuela Colla - jornalista